Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Donnerstag, 10. Mai 2012

Andei por ela Pelas cicatrizes que o tempo deixa Coimbra embruteceu na vanidade E senil corre o Mondego Hoje que era noite de faculdade Numa queima de cinzas e praxes perdidas Senti a brisa E também murmúrios de árvores O teu corpo morre Mas algures ainda a alma estrebucha

Montag, 20. Dezember 2010

Hei-de...

Hei-de ler Cristóvão de Aguiar até ao fim,
Hei-de ser açoreano nos canais do Nemésio
-Que humilde na minha terra viveu-.
Hei-de contar contos do Torga
-Que no Tovim seu amor conheceu.
Hei-de subir olivais no cerco de Mário Braga
Desde a Baixa até ao Casal do Lobo
E hei-de lembrar sempre Aida Ventura
Que em mim plantou este desejo de ler.

Mas hei-de odiar até ao fim
Quem destrói o meu Tovim
Sem lhe entender uma palavra,
Uma viela sequer!...

Montag, 11. Oktober 2010

Roubaram-me o telemóvel

Merda. Roubaram-me o telemóvel. Afastaram-me de ti, amigo. Já não sei como te contar sobre os amantes da minha mulher nem dos "narizes" que o meu filho manda.
Merda. Roubaram-me a fala que tinha marca Nokia, portuguesa em tecnologia japonesa, mas defendida com unhas e dentes pelo Sócrates e aprovada indiscutivelmente pelo presidente da república, um bocado de madeira que não tem outra função que não a de ser acha de fogueira.
Valeu-me o Marketing de Namora e o gajo ao lado a gostar de cerveja Sagres com um Samsung, oferta da Vodafone, que me disponibilizou um crédito duma chamada gratuita para a rede em que estava inserido.
Merda. -Ouvi por percepção astral proveniente da pessoa a quem desejava ligar- Roubaram-me o telemóvel, agora que alguem me quis falar.

Samstag, 7. November 2009

Pirataria musical cibernética

Sem bem saber como começar, tomo uma arfada de ar com cheiro a chanfana que aqueço no forno do fogão eléctrico, saudoso da chanfana que a minha mãe assava no forno a lenha da vizinha e deixo que a música do grupo “Modas à margem do tempo” me arrepanhe saudades. Não sou grande homem de vinhos, mas este copo de Dão tinto está a cair às mil maravilhas.
Eu, emigrante, que antigamente troçava destes... eu, agora, como eles a querer estar na minha terra natal e não o podendo fazer (de momento) ouço música portuguesa e bebo tinto. (Continuo um aferrado apologista da afirmação de António Cairu “ser português é a arte de comer sardinha assada e saltar à cachopa numa noite de Santo António”.
Noites de Santo António... de S. João... do S. Pedro... Tanta liturgia a fazer de mim um pagão ainda maior... As fogueiras, as marchas, o bailarico... depois veio o Rock... vieram as discotecas... veio o esnobismo e a cultura foi-se sumindo... citando o genial mafarrico José Mário Branco “como o rio de S. Pedro de Moel que se some na areia em plena praia, ali a dois passos do mar sem que se possa dizer: Pôrra, finalmente o rio desaguou”.
-Uma lágrima teima em me salgar os olhos sem se importunar com o dito: homem chorão ou é corno ou é ladrão.-
Tenho centenas de discos compactos em casa, para cima de mil... certamente... e sempre que posso busco novos “velhos”... Guardadas como relíquias que um dia por certo o tempo destruirá tenho algumas cassetes, lembram-se? Aquelas caixinhas com fita magnética mais acessível que o disco de vinil? E por teimosia, ou talvez por conservatismo doentio, guardei um aparelho que me permite ouvi-las...
Já digitalizei uma ou outra música, tão bem como a minha tecnologia o permite... mas “big brother is watching me” e eu tenho sempre um certo receio de colocar à disposição o que, no fundo, todos dizem ser “popular”. É certo que os intérpretes precisam de ganhar dinheiro, de vender os seus produtos, mas e se eles não se encontram à venda?...
Hoje em dia diz-se que a pirataria cibernética arruina a indústria musical. Dieter Bohlen, um dos componentes dos “Modern Talking” que nos anos 80 fez furor (ainda que não sendo do meu gosto tenho que lhes reconhecer a fama) afirmou: “No meu tempo a juventude tambem sacava da rádio tudo o que podia sacar...” Por isso ele continua a ganhar dinheiro com a música sem se preocupar com a venda dos discos compactos, mas sim com os concertos ao vivo! E ele tem razão!!! A juventude de hoje troca a música por todo o lado. O telefone portátil tem os últimos “hits”, a câmara fotográfica possui uma colectânea de “best of” privada, e até a máquina calculadora, que no meu tempo era proibida usar na escola e agora nalgumas é exigida, contém o vídeo último dos “quem quer que seja"! Extraordinário!
Interessante é que toda esta “pirataria” incendeia um desejo incontrolável de ver os artistas ao vivo!!! E só quem não se atreve a enfrentar essa massa sedenta de espectáculo por não ter qualidade para isso, fica pelo caminho e lamenta-se...
Por isso, pessoal! Pague-se para se ver! Mas defendam a partlhação livre de ficheiros musicais!

Montag, 26. Oktober 2009

Tropeço

Por descuido.
Um olhar na esquina que as rugas dobram
E o passo desajeitado de quem abandona o tasco.

-Fui marinheiro!
Sem barco nem ousadia.
As minhas descobertas estão pregadas
Em tábuas de faquir.

Presto atenção.

Quando me abandono
Sinto a sombra que me segue,
Que me persegue,
Que me encurrala.

Deixei de querer saber de mim.
Mas continuo a perguntar-me
Por onde andas tu...

Se ao menos pudesse amar-te de novo...
... e morrer, sem remorsos, de não te ter vivido.

Donnerstag, 23. Juli 2009

Já que não vieste

Hoje não vieste;
Também não sei se te esperava.
O crepúsculo das águas a refulgirem-me nos olhos;
Sempre este maldito rio a banhar-me a alma.
Um dia afogá-lo-ei nas minhas incertezas,
Apertar-lhe-ei as barragens.
Uma gaivota perdida
Acenou-me da ponte de Santa Clara;
As aves andam como eu,
A fugir dos exílios na sua própria terra.
E tu não vieste.
As horas ferradas na amurada
Foram inútil tropel.
Sempre este maldito rio e esta amurada alta.
Alguem me acenou dum cartaz;
Alguem que quer exilar as aves.
Jamais lhe falarei da gaivota perdida.

Ganhei coragem e saltei.
Juntei-me ao rio e fui com ele.
Já que tu não vieste,
Liberdade,
Irei eu atrás de ti.

Mittwoch, 22. Juli 2009

Tibet na Suiça




Há locais que, apesar de não terem nada a ver com as recordações que despoletam, nos ficam na memória como lugares inesquecíveis...
Aqui o Restaurante Tibet nos Alpes-Suiça.