Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Samstag, 7. November 2009

Pirataria musical cibernética

Sem bem saber como começar, tomo uma arfada de ar com cheiro a chanfana que aqueço no forno do fogão eléctrico, saudoso da chanfana que a minha mãe assava no forno a lenha da vizinha e deixo que a música do grupo “Modas à margem do tempo” me arrepanhe saudades. Não sou grande homem de vinhos, mas este copo de Dão tinto está a cair às mil maravilhas.
Eu, emigrante, que antigamente troçava destes... eu, agora, como eles a querer estar na minha terra natal e não o podendo fazer (de momento) ouço música portuguesa e bebo tinto. (Continuo um aferrado apologista da afirmação de António Cairu “ser português é a arte de comer sardinha assada e saltar à cachopa numa noite de Santo António”.
Noites de Santo António... de S. João... do S. Pedro... Tanta liturgia a fazer de mim um pagão ainda maior... As fogueiras, as marchas, o bailarico... depois veio o Rock... vieram as discotecas... veio o esnobismo e a cultura foi-se sumindo... citando o genial mafarrico José Mário Branco “como o rio de S. Pedro de Moel que se some na areia em plena praia, ali a dois passos do mar sem que se possa dizer: Pôrra, finalmente o rio desaguou”.
-Uma lágrima teima em me salgar os olhos sem se importunar com o dito: homem chorão ou é corno ou é ladrão.-
Tenho centenas de discos compactos em casa, para cima de mil... certamente... e sempre que posso busco novos “velhos”... Guardadas como relíquias que um dia por certo o tempo destruirá tenho algumas cassetes, lembram-se? Aquelas caixinhas com fita magnética mais acessível que o disco de vinil? E por teimosia, ou talvez por conservatismo doentio, guardei um aparelho que me permite ouvi-las...
Já digitalizei uma ou outra música, tão bem como a minha tecnologia o permite... mas “big brother is watching me” e eu tenho sempre um certo receio de colocar à disposição o que, no fundo, todos dizem ser “popular”. É certo que os intérpretes precisam de ganhar dinheiro, de vender os seus produtos, mas e se eles não se encontram à venda?...
Hoje em dia diz-se que a pirataria cibernética arruina a indústria musical. Dieter Bohlen, um dos componentes dos “Modern Talking” que nos anos 80 fez furor (ainda que não sendo do meu gosto tenho que lhes reconhecer a fama) afirmou: “No meu tempo a juventude tambem sacava da rádio tudo o que podia sacar...” Por isso ele continua a ganhar dinheiro com a música sem se preocupar com a venda dos discos compactos, mas sim com os concertos ao vivo! E ele tem razão!!! A juventude de hoje troca a música por todo o lado. O telefone portátil tem os últimos “hits”, a câmara fotográfica possui uma colectânea de “best of” privada, e até a máquina calculadora, que no meu tempo era proibida usar na escola e agora nalgumas é exigida, contém o vídeo último dos “quem quer que seja"! Extraordinário!
Interessante é que toda esta “pirataria” incendeia um desejo incontrolável de ver os artistas ao vivo!!! E só quem não se atreve a enfrentar essa massa sedenta de espectáculo por não ter qualidade para isso, fica pelo caminho e lamenta-se...
Por isso, pessoal! Pague-se para se ver! Mas defendam a partlhação livre de ficheiros musicais!