Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Samstag, 4. Juli 2009

Amigos e vícios

A mãe dum amigo meu atirou-me um dia à cara que nunca concordara com o facto de eu permitir aos meus amigos fumarem haxixe em minha casa. É certo que grande parte deles se tornou viciado, posteriormente, em drogas mais fortes, mas qual a minha culpa? Tê-los deixado fumar uma broca em minha casa uma ou duas vezes por semana?...
Quando eu fui, e ainda vou, a casa desse meu amigo, por amizade tambem com os seus pais, é-me sempre oferecido álcool para beber. Eu sei que é normal, aliás, faz parte dos protocois numa casa portuguesa oferecer um copo às visitas, mas não é isso um incentivo ao consumo maléfico?... Em Portugal, do ponto de vista socio-cultural, não! Tal como para mim, o fumar haxixe, dentro do meu círculo de amizades, era, desse mesmo ponto de vista, normalíssimo. Quem fumava, fumava; quem bebia, bebia!
Quando mais tarde eu vim para a Alemanha, frequentemente, nas minhas dolorosas horas de solidão e saudade desses mesmos amigos, dava comigo a beber mais do que a conta. Cheguei, inclusive, ao ponto de me ter tornado alcoólico, segundo a minha própria opinião.
Ter que aceitar a realidade do meu alcoolismo foi bem mais difícil de que o refreio deste.
Isto aqui não visa, de forma alguma, culpar quem quer que seja dos vícios proliferantes de toda e qualquer sociedade; ninguem é mais culpado do seu vício que ele próprio. Naturalmente existem muitos factores que contribuem para um vício, existem milhares de tratados, romances, diários, novelas, eu sei lá a quererem explicar um fenómeno de massas que apenas individualmente se pode explicar.
O ser humano é, por base, um indivíduo; querer generalizá-lo nas suas atitudes é procurar convencer uma pedra que é pau. A psicologia de massas é interessante, mas não basta, nem pode nunca, reflectir o indivíduo.
Os meus amigos podem ser criminosos, simples vadios, possuirem perturbações mentais, serem dependentes do que quer que sejam! Se são meus amigos, são-o por quaisquer qualidades superadoras das negativas, ou seja, eles têm que possuir algo de bom! É por esse prisma que eu os olho e não através de preocupações pater-maternalistas, sociais, políticas, religiosas ou outras quaisquer!
Bebo de momento uma cerveja barata, belga, Karlskrone, produzida segundo o “tratado de pureza” (Reinheitsgebot) alemão, ouço (por acaso em CD que adquiri na minha última estadia em Coimbra embora tivesse possuído, quando era mais puto, o disco -aquela grande coisa com música a que alguns chamam vinil e outros LP) do Jorge Palma “Qualquer coisa pará música”.
Para livro recomendo "O macaco nú" de Desmond Morris

Vivam os amigos!

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