Bebo com gosto um traçado e saboreio a minha bifana. Aos anos que não entrava no Mija-cão...
Aguardo as minhas moelas. Como saberão elas? Se o fizerem como a bifana, então não perderam nada do seu sabor. Ou será que o afastamento dos últimos anos me deturpou o sabor e eu apenas me convenço de que tudo me sabe como dantes?...
Os teus lábios, amor,
Que o piri-piri abrasou
Continuam com sal de Aveiro.
Tens odores a moliço.
Eu trago na roupa
O odor do pólen dos milheirais,
O forte cheiro da barba de milho;
Por isso entendo o teu aroma.
Ana Paula, ah, Ana Paula...
Como me sabes à bifana
Suculenta e apetitosa,
Como me sabes a moelas!
Como me sabes a vinho
E a cantigas que as sombras cantam!
Como me sabes a Clepsidra
E me soas a João Queirós.
Como te amo, Ana Paula, como te amo!
E isto apenas após um copo.
Estivera eu ébrio, amor...
Estivera eu ébrio!...
O escrever de versos por imposição fisionómica, quase um impulso mictório, uma incontinência patológica, dá-me palmadinhas nas nádegas para depois lá cravar a agulha anti-tétano, um procedimento hospitalar doloroso que apresenta vestígios na raia do sado-maso.
E quando as moelas vieram, ergui o copo, honrei Coimbra, exaltei o Mija-cão e amei, Camoniano, a Ana Paula (profundamente à Barbosa, aquele du Bocage).
Pedi mais um copo com toda a minha sede de memórias e amores.
Disco: Pedra Filosofal do Freire (destaque para Dulcineia)
Livro: Poesias eróticas do Bocage (Cuidado! O livro é hard core!!!)
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Bom dia! É sempre bom encontrar traços e rastos da minha cidade pela poesia, como aqui é o caso.
AntwortenLöschenA poesia é sempre um rasto de quem a escreve. E julgo que não existe poeta que não tenha, duma forma ou doutra, exaltado a sua terra, quer seja de forma directa quer indirecta.
AntwortenLöschenE tenho que dizer: nada como um poema que nos transporta no espaço. Como exemplo disso costumo dar "Lisboa..." do Eugénio de Andrade, que os Trovante, a meu ver esaplendorosamente musicaram.
Se eu soubesse "encamar" mp3 deixaria cá a música.