Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Donnerstag, 16. Juli 2009

Tempo dos grilos


Descíamos o S. Salvador que culminava no Bairro do Prior Lima. Depois seguíamos por um carreiro entre silvados e loureiros até chegarmos ao "fundo da Avenida". Espalhavamo-nos no terreno, cada qual armado de "palheta!, regra geral o caule longo e flexível de aveia selvagem. Ouvido atento. Debruçados.
Logo que descobríamos uma toca, está de esgravatar com a palheta até obrigar o habitante a sair para a rua.
Havia sempre cuidados a ter: toca sem vestígios fecais ou estava vazia ou fôra já usurpada por outro bicho perigoso; grilos de três rabos eram fêmeas e portanto, mordiam; não se deviam apanhar. Estas leis nunca as comprovei. Eram leis passadas de geração em geração e o ti Américo, especialista de grilos, dedicado ao comércio destes, confirmava-as.
O ti Américo, já com mais de cinquenta anos, comprava-nos os grilos quando estes possuiam asas abundantemente douradas e não tinham danos. Grilos, dizia ele, são bastante agressivos uns para com os outros e infligem-se grandes ferimentos quando frente a frente. Por isso, não era raro encontrar-se um grilo ao qual faltava uma perna ou parte dela.
Das histórias do ti Américo nunca duvidei.
Quem pagava de cinco a dez tostões por um grilo bem havia de perceber de grilos melhor do que ninguem.(Naquele tempo, se bem me lembro, um maço de cigarros Kentucky custava onze tostões, continha doze cigarros.
Fica aqui a recordação do prado onde íamos aos grilos.

2 Kommentare:

  1. Olá e bem vindo de volta. Fico contente por voltares às escritas!
    Não tinha prado, mas na quinta onde cresci também meu avô apanhava grilos. E de uma cana que rachava em quatro, sem ir ao fim da mesma, fazendo assim a casa dos Grilos.

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  2. Exacto. Nós tambem fazíamos as "gaiolas" com canas.
    Hoje, acho que já ninguem vai aos grilos.
    Bom, os prados são hoje parques de estacionamento.
    Cumps

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