(Segundo eu e Gil Vicente)
No mais alto monte da região mais ocidental da Europa, habitava em solidão o secular dragão Mondericon que via chegar os seus últimos dias sem herdeiro. O seu corpo serpenteava serra abaixo até ao Atlântico.
Embora rodeado de cidades e aldeias, Mondericón não achava em nenhuma delas parceira que lhe agradasse para vir a ser a mãe dos seus filhos.
Daí Mondericón perguntar aos viajantes, quer vendedores quer ladrões, se sabiam de dama que fosse apropriada a tal fim.
Um dia soube duma formosa princesa que vivia noutro reino e mandou os seus servidores por ela. Como a estes nada mais fôra dito do que: trazei-a à minha presença, eles não estiveram com grandes protocolos e raptaram a princesa.
Com este procedimento não ficou Mondericon muito satisfeito, mas a beleza da moça logo o fez esquecer tal. No entanto, ela que tambem não estava satisfeita com o caso e no aspecto do dragão nada achara que a acalmasse, antes pelo contrário, exigiu que fosse de imediato posta em liberdade. Mondericon recusou, é claro.
O pai da rapariga ao saber da desgraça mandou proclamar por todos os quatro cantos do mundo que recompensaria abundantemente quem lhe trouxesse a filha de volta.
Cavaleiros, mercenários, camponeses e até monges dos mais variados tamanhos e feitios, carregando as armas mais diversas bem tentaram levar a cabo tal empresa mas em vão.
Quis o destino que um viajante, vindo de outro continente, contasse sobre o Rei de Todos os Animais que lá reinava. Um destemido e justo rei ao qual não havia ser vivo que fizesse frente.
O desesperado pai não esteve com meias medidas e mandou comitiva ao tal continente com um pedido de ajuda.
Assim veio de terras africanas um leão com o propósito de salvar a princesa das garras de Mondericon. Logo no primeiro embate entre os dois, viu o Rei Leão que em luta corpo a corpo lhe seria impossível suprimir tão poderoso adversário. Retirou-se e convocou os seus conselheiros, um dos quais fez relatos sobre um mágico cálice que permitia eliminar quem dele bebesse. Num ápice foi exigido tal utensílio, o que sem demoras foi executado.
O Leão, contudo, duvidando de tais artes mágicas, encheu o copo com um veneno fortíssimo que trouxera de sua terra.
Depois foi fazer chegar o cálice às mãos da princesa e convencê-la a dar a beberagem a Mondericon.
Afirmando ser um costume do seu país, contou a princesa ao dragão que ele só a poderia desposar convenientemente se bebesse primeiro do cálice familiar.
Embrulhado nas teias que o amor e, aliado a este, a vilania tece, ingeriu Mondericon o veneno e logo morreu.
O pai da princesa aliou o reino de Mondericon ao seu e no local onde o dragão perecera mandou erguer uma cidade cujas armas se compõe do cálice, da princesa, do dragão e do leão.
Para quem julgava ser a Rainha Santa Isabel que é representada nas divisas de Coimbra, que me perdoe, mas o milagre das rosas é posterior ao escudo coimbrão.
Há quem acredite ser tal cálice o famoso Graal e que se encontra guardado na Cova de Viriato. Mas isso já é outra história.
Aqui deixo tambem um esboço a lápis duma memória do Arco de Almedina.
Desconhecia por completo tal lenda de coimbra e gostei bastante! Se tiveres mais vou lendo com todo gosto!
AntwortenLöschenViva! :)
AntwortenLöschenHá mais... se a disposição der para isso hei-de contá-las. Quem sabe estenderei a minha loucura aos arredores...
De momento trago a história do Graal Sagrado e do Bispo Negro de Coimbra em aquecimento.