Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Sonntag, 5. Juli 2009

Vale da Azenha




Eu sou pior fotógrafo que pintor, por isso as imagens ficam um pouco àquem dos originais.
O Vale da Azenha.
Lá aprendi eu a nadar. Lá, com treze anos, conheci uma Cristina que me fez escrever versos, uma segunda, pois a primeira paixão, tinha eu dez anos, tambem se chamava Cristina. Aos dezassete, quem diria?, de novo uma Cristina me impeliu para a poesia. Na altura,porém -aos treze- já o Vale da Azenha ficara para trás... o nadar estava aprendido e, um pouco mais abaixo, o Recanto, profundo e desafiador chamara por nós, catraios quase tirados dos "Esteiros" de Soeiro ou d"os putos" de Tojal. Eu sempre fui do tipo de Constantino, do Redol...
Por simpatia duma vizinha, recebia frequentemente edições antigas do jornal "O Cuto" que se dedicava apenas a banda desenhada. Cisco Kid era uma das minhas personagens favoritas.
Um dia, arranquei sózinho até ao Vale da Azenha (Baldazenha na nossa linguagem); sentei-me a uma sombra e iniciei uma aventura literária. Eu, na pele de Coyote, cavalgava ao longo do Missouri quando os gritos de uma rapariga me atraíram. Esporas no meu fiel companheiro Relâmpago e célere cavalguei em direcção dos gritos...
Nesse dia quando cheguei a casa com o caderno dos deveres escrito até ao fim com a aventura de Joe, o Coyote, recebo a triste notícia que meu pai queimara tudo quanto era livro de aventuras, romance policial ou de amor, etc, etc, etc... até a minha colecção de antigos jornais d"O Cuto".
Chorei. Chorei todo o raciocínio e após isso, numa atitude de raiva, queimei as minhas próprias obras. Passei a odiar livros e quem os escrevia e sobretudo, a escola e o meu pai.
Nesse ano, no primeiro período, estava chumbado por faltas.
Mesmo em dias de inverno, em vez de ir para a escola, eu ia até "Baldazenha" sentava-me à beira da água e chorava. Chorava e ansiava que alguem viesse para me acolher e entender... Como disse Daniel Filipe na Invenção do Amor "...Um caso típico de inadaptação congénita... dedicado aos longos silêncios e aos choros sem razão..."

O silêncio que nos rói é o mesmo que nos leva a dizer asneiras quando o quebramos.

Livro: já foram três boas obras mencionadas.
Música: no momento em que brinquei com as aguarelas ouvi uma compilação feita por mim de músicas do grego Vangelis, (referência: Conquista do Paraíso, filme com Dépardieu).

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