Fadiagem (em obras)

Fado, Sexo I Vacalhau - Trabalhadores do Comércio com um tema de Ian Dury

Freitag, 3. Juli 2009

No final do baile com os Vikings

Quando o baile acabou ainda tínhamos o calor das moças agarrado ao corpo. A chuva que caía não nos intimidou. O caminho tinha que ser percorrido e das Vendas de Ceira até ao Tovim era uma boa caminhada. Mário João tinha um guarda-chuva, Jorge Maia tambem, eu e o Armando “Esgalhão” à falta disso recolhemo-nos, eu junto do Jorge e o Armando junto do Mário. Sob torrencial chuva, relâmpagos e trovões dignos de um Spielberg caminhámos rumo a casa. Excepto eu, todos se gabavam das moças com quem dançaram; até o Maia, por regra reservado, nessa noite se deixou levar pelo entusiasmo.
Quis a nossa sorte que a carrinha de material do agrupamento que tocara no bailarico passasse por nós à curva da Ferradura, pouco antes da Ponte da Portela, e um dos elementos me tenha reconhecido e nos desse boleia até à passagem de nível do Calhabé.
Encafuados ao colo uns dos outros mas felizes, (agradeço aqui ao Xico que se ocupava das luzes) pela boleia.
No Calhabé, para além da chuva, dos trovões e dos relâmpagos, soprava um vento diabólico.
O Esgalhão mandou o Mário abrir o guarda-chuva mas o Jorge disse-lhe para não o fazer pois a própria experiência já lhe ensinara que perante tal ventania não existia chapéu que resistisse.
Por insistência do Armando e talvez porque um pouco de álcool tambem fazia efeito, Mário João abriu o guarda-chuva e ficou literalmente apenas com o esqueleto deste na mão. O pano esvoaçou de imediato para dentro da fonte luminosa. Mário quis ir buscá-lo, mas nós convencêmo-lo a não o fazer.
E pronto: lá prosseguimos nós caminho sob a intempérie com o Esgalhão, contudo, a querer convencer o Maia a abrir o chapéu dele. Em vão, claro. Os impropérios do Armando soavam acima dos trovões; os lamentos do Mário eram abafados; Jorge escondera o guarda-chuva, um daqueles de encolher, debaixo do casaco; e eu olhava o céu, ouvia os trovões, admirava os relâmpagos e não conseguia deixar de sentir o corpo morno da moça como se ainda dançasse com ela House of Cards (part one) Time Rober e House of Cards (part two, como consta no álbum Time Rober dos Omega) interpretado fielmente pelos Vikings.
Cerca de vinte minutos a cheirar-lhe odores primaveris que nem verão nem outono lhe apagaram, e no fim o seu sussurro:
-Vai no próximo fim de semana à Boiça.
E eu fui.

P.B. (Post Blogum :)) A partir de hoje irei dar o título dum livro e dum disco em cada blogue. "Time Rober" dos Omega já foi mencionado como disco (leia-se se necessário CD) e o livro é "Aos meus amores" de Trindade Coelho.

2 Kommentare:

  1. Não sei como te consegues lembrar tão fielmente, parante as "gandas babadeiras" que voçês apanhavam nessa época, pois no meu caso existem festas onde fui, com os meus amigos da época, que nem sequer me lembro do nome do conjunto e quando conhecíamos alguém dessa terra e que nos convidava para a adega, pior, como uma vez em que fomos para o Dianteiro com o Vitinho "Pito" bertolino, o Jorge da Sila, o Wylie papy lenços, o Fernandito Mochilas, o Paulito da Manuela, o To-Zé Medina , o Toninho Patanisca, o Escogólhof , o Pedro Maluco e o Miguel Sapatilha e em que encontrá-mos o primo do Vitinho que nos levou para a adega dele, em que o Lili com a gulosiçe deitou o Garrafão á boca, que nos obrigou a acabar com ele, caso contrário estragava-se pois não se deve beber a olho do garrafão, e que para voltar ao Tovim vinha-mos tão bebados que tivemos que chamar os bombeiros para trazer o Vitinho e o Paulito que não se tinham em pé. Mas é destas coisas que eu tenho saudades.

    AntwortenLöschen
  2. As memórias são como flores, há que guardar as mais lindas e cultivar a sua beleza!

    AntwortenLöschen